E de repente repetiu-se a sina do silente
Calado ao som do caldo de galinha...
Borbulhante esperança faminta da gente
Que quer mais que mera boquinha
Vazio, vazio, vazio desesperador
E a guerra continua, e o poder, onde?
Relativo é tal sinal perante a dor
De quem perde seu porto seguro ou sua ponte
Em meio a tantos gritos surge o alívio
O mais falso de todos, assaz restante
Sobrador que assopra o vento imaginário
Que sobrou ontem quando tinha Sol
O medo afirma nossa nova paranóia
A mais real de todas, mais presente
Que o próprio presente não dado
Aos sedentos por fome satisfeita
À mesa estão os maratonistas corredores
Da diária luta por sobrevivência neste “nada
Tem sentido” o calor mais coadjuvante
Deste frio que impera nos maiores corações?
Matem, matem, matem aquilo que não existe
Para ver se o que se insiste se consiga sem saber
Mesmo que a concessão seja mais que mentir
Mesmo que a vida nos ensine a sorrir sem sonhar
Além disso a coitada criança cresce sem saber
Que cresce sem saber na sabedoria popular
Mais impopular que tudo que se possa imaginar
Mal sabe tal infante que o tempo ainda nem chegou
E o mais abrupto silêncio hoje grita em cada esquina
Sabe nem do passo mal andado que a luz não ilumina
Nem da fronte guerrilheira que agoniza por um quê
Sem um quê nem por quê num objetivo sem palavras...
Quem sabe a respiração possa ser o alento do jogado
Pelos cantos mais cansados das vielas desnortistas
Quem sabe a linguagem invisível possa ser a fuga
Daquele que não foge por não ter onde fugir
Que a vida nos conte um dia como se faz para falar.
Rodrigo Barbosa Silva