quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Estou

Buscando alguma existência
Longe de sua verdadeira,
E factível inefavelmente, presença

Lá estava alguém que tentou falar
Não sabendo calar nem dizer
Apenas tentando viver seu silêncio

Talvez a ouvir um jazz que não vejo
Por ser lógico que se ouve algo tão invisível
Aí estava a certeza do que se buscava

Em algo que simplesmente escuta
E não se vê, por mais que queiramos
Assim, ainda na errância, caminhando estou

Rodrigo Barbosa Silva

Comendador Soares

O lugar de onde sou não é mítico...
É... em algum lugar da Baixada
Num Fluminense não futebolístico
Lá onde o Japeri faz sua parada

Aquele trem - ou lata de sardinhas? -
Tem muitas histórias e pátrias gentis
Em meio a tanto aperto literal fora da linha
Da imaginação do real elenco que ninguém diz

Ninguém diz quem é... São meros passantes?
Mas o que importa é que sou de Comendador
Ou não? Pois quem sabe o que é tal lugar?

É mais fácil lembrar que chegamos lá de trem
O nosso querido latão, geladinho, coreano,
Forno, navio proletário; não importa, gosto de lá.

Rodrigo Barbosa Silva

Teclado

Escrevendo, mais ainda me deparo
Sem acentuar nem til nem agudo
Sem mesmo negar, ou mesmo cedilhar
Com acentos podados ao talo pelos dentes ansiosos
Coitados dos dedos acentuados, coitados...

Acentos mastigados, dilacerados
Na poesia fugidia sem escapar da forma
Nem vista nem delineada por qualquer
Aquarelista escritor das cores sem som
Assim seguimos a vida... assim...

O que pode haver de errado no dito?
Nem quero mais interrogar o nada
Ignorarei o pontuar textual excessivamente

Quem sabe assim termine o laborioso dizer
O abstrato desmundo das palavras...

Inventemos agora um silenciador para o silencio.

Rodrigo Barbosa Silva