quarta-feira, 28 de julho de 2010

"Miniatura" de amor

Quem dera se fosse lembrança...
Vive acordando com você
Vive nos seus pensamentos
Vive por viver mesmo

Nos faz duvidar da nossa memória
Pois esquecimento não é
Muito mais que lembrança
É presença, mesmo ausente

Resta a nós ficarmos assim
Sem pensar, pensando
A escrever um poema de amor

Resta ao restante de mim, olhar
Esquisito ao horizonte
Esperando a saudade acabar.

Rodrigo Barbosa Silva.

sábado, 24 de julho de 2010

O poeta

Quando esperamos dizer muitas coisas
Ele ali, dominando a área, não diz nada
Quando estamos à beira da loucura
Ele é o melhor exemplo a ser seguido

Quando visitamos um futuro
Nos aproximamos cada vez mais
Dele mesmo
Pois não há nada a dizer

E quando insistimos em nos calar
Ele fica ali ao nosso redor
Soberano, completo
Falando até gritar
E nós só ouvindo
Sem pestanejar ou fazer algo

Ao pensamento nos joga
Seus versos declama em todo seu canto
Quando rimos ou estamos em prantos
Ele, o maior poeta: Silêncio.

Rodrigo Barbosa Silva

Memória Esquecida que Esquece

O que é o que é?
Passatempo, tempo passa
Paráclito desafiante
Secreto preságio de alguns
plena certeza de outros

às vezes parece distúrbio
às vezes parece palavra
ou até mesmo um soluço
enfurecedor do esquecido

É apenas uma coisa
Coitada que usam
Sem saber do inocente
Não lembrado

É apenas a poesia
Da alma qu' inda pena
Por esperar
O alívio do silêncio.



Rodrigo Barbosa Silva

Eu não sei amar

Eu não sei amar de amores
Por isso não há palavras
Não há escolha
Não há momento
Só há amor

Eu não sei amar de amores
Por isso não há coração
Não há espelho
Nem há visão
Só estilhaços

Jogados à calçada
Dos desamparados
Sonhadores
Amadores

Mas que amam
Sem sentidos
Mas com dores
Consentidos
Por amores


Rodrigo Barbosa Silva

Cristalização Monolítica

O tempo passa e o vento vai
Destruindo os passatempos
As pipas esvoaçam
E o frio mais gelado que nunca
Perpetra suas ações aos coitados

Nada mais pode ser dito
Tudo pode ser sentido
Mazelas desvendam os temporais
Artigos indefinidos são publicados
Porém ninguém mais lê

A robótica dinâmica assoberba-nos
Pensamos ser mais que mais
Só o de menos ocorre
Só os histéricos socorrem os socorridos
Somente os loucos desvendam a loucura

Enquanto isso os cristais de vento
Nos entregam o próximo outono
E o presente mais esperado
Se revela no desespero
Talvez no estranho pensamento

Rodrigo Barbosa Silva

Parceria: Pulsação


Ele

Só ele

Sozinho

Com aquele

Armário

De papéis

De palavras

Mundos

Na palma

De sua mão

Conhecedor

Do começo

Do meio

E do fim

Mas o fim

Chega depois


Ele

Esperando

Com pressa

Talvez uma sobra

Talvez um alento

Quem sabe

Uma letra?

Quem sabe

um caminho?

Droga!

Não dá!

Nem a pena

escreve

Nem a boca

balbucia

Nem os olhos

querem ler

O que fazer?


O que fazer?

Passa e volta

Volta e passa

Como o passado

Que passa

E o futuro

Que vira passado

Amassado?

Passado

Arrumado

O que for


Para e tenta

Ficando parado

Olha e

se esconde

Se acha

se move

Se tenta

Se vê...

E desvenda

O vendado

Mesmo

passando

o amassado

parando

o parado

na contínua

perseguição:

era apenas

sua sombra.

Era apenas

o tempo.


Janaína Tavares e Rodrigo Barbosa

Des-soneto Axiomático

O silêncio triunfante

Fanfarra sua fala

Diante dos surdos

ouvintes calados


Veterano ele é

Mas fazer o quê?

Dar chá de colher?

Assim não pode ser


Eu quero falar mesmo

Eu tenho direito

O silêncio não.


Vou gritar à esmo

Ao vento imperfeito

A minha querida ilusão.

Rodrigo Barbosa Silva