sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Continuando a parar de não escrever...


Esse é o Soneto Sem Rima (e por isso não é um soneto) de...

Gente que passa por abstrato substrato de vergonha,
A desinência estática do abismo ensimesma-se nelas,
As mãos paradas enervam-se com o movimento dos dias
E o som estridente dos passos contam a história vazia:

"A sala de estar já se tornou um devaneio de loucos,
Uma sala de aula para os aprendizes do passageiro
Que gasta dinheiro com a perdição para os famintos,
Ao ser conduzido pela via da esperança mórbida e vil

Naquilo que passa sem marcas e se perde no tempo febril
Das vozes amedrontadas que não perguntam ao professor
De onde vem aquela fórmula [mágica] do movimento pendular."

Quem sabe ouçamos os gritos dos escritores deste conto
Delineado nas folhas do dia a dia por aí dizendo: "Pronto."
E alguém chegue pra escrever outra memória começando por: BASTA!

Rodrigo Barbosa Silva

quinta-feira, 8 de março de 2012

Amar



Amar


Eis o segredo: amar

Bem de pertinho

Estando bem longe

Gritando bem alto

No maior silêncio do mundo


Não importa as dores

Incertezas, desfavores

Essencial é amar


Como um grilo que pula

Como um sapo no ar

Respiremos a alegria

Pois amamos


Eis o maior desafio: dormir

Pois só dormimos em cansaço

Por isso refaço a súplica:

Que estejamos cansados

De amar, amar e amar


Dadaístas na arte do coração

Repetindo um único gesto

Uma única canção:

Amor!


Estejamos sedentos

Estejamos famintos

Estejamos sem ar


Para que sejamos

Totalmente saciados

Repousando serenos

Na brisa da caridade.


Rodrigo Barbosa Silva

sábado, 3 de março de 2012

Gerador de lero lero

Gerador de lero lero

Gerador de lero lero lerolando
Até que lerolar seja um perfil
Daqueles que querem falar falando
E rimar porcamente num canil

Canil de ostras ou de outra coisa
Cousa pouca até porque a louça
Ainda está suja e fétida
E a poesia lerolante está trépida

Ossos tremendo de medo da acusação
Vigas de aço se rompendo em meio
A lentidão dos fortemente fracos

Mesmo que opacos, sejam a multidão
Com um brilho desconhecido à centeio
Parecendo em si um fim drástico.

Rodrigo Barbosa Silva

quinta-feira, 24 de março de 2011

Outros poetas

Porque não uma sempre-viva?

Muitos tentam ser belos como as Rosas,
ou então venerados como as Orquídeas.

Tentam ser raros como as Flores dos Cactos,
ou como as Cerejeiras, que só desabrocham uma vez por ano.

Tentam ser notadas, ou até mesmo aparecer, como Girassóis,
que necessitam estar sempre virados para a Luz (refletores), o Sol.

Tentam transparecer leves como um Dente-de-Leão.
ou cheirosas como uma flor de Erva-Doce.

Ou quem sabe, simples, mas sempre lembrada, como as Margaridas.

Mas na verdade o que todos querem, é ser como as Sempre-Vivas,
porque mesmo, aparentemente, frágil,
pequena e quase que insignificante,
elas fazem jus ao nome e nunca morre, nem mesmo murcham
São eternas, tanto na vida quanto na mente.

by Anny Mayara

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Verborragia para quem gosta de lobos

Um morro uiva com seus ventos
O lobo venta com seu canto
À caça de uma ovelha perdida
Ou de uma velha pedida: comida

Qualquer coisa serve, está difícil comer
Simplesmente a caça corre,
ou pára, inútil, no espaço vazio
da mesma história contada todo dia

O tempo passa como o vento, misterioso,
Não sabemos de onde vem, nem o posterior
Pois o calor anuncia só a chuva, nada mais

O mafioso conta vantagem de sua riquesa
Mas esquece que o pastor espreita
E que é ovelha diante das interpélies.

Rodrigo Barbosa Silva