quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Poema-curto

Será?
Será que será?
Será que será que será?
Será que será que será que será?
Apenas um motivo para ser?

O que é sempre sendo nunca
por nunca ter sido sempre?
O que é que é que é que é que é?
Apenas um motivo para ser?

Pedir isto seria demais
Por isso a pergunta:
Quem que quem que quem?
Que se fez assim
Apenas um motivo para ser?

Como o poema está em curto
É curto
E
E esta estrofe também
Acabo por aqui.

Rodrigo Barbosa Silva

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O vento

O vento sopra onde quer
Não se sabe de onde vem
Nem pra onde vai voar
Só sei que ele sopra e sopra

Profundo e silente navegador
Desenhado nas mais belas linhas
Do absurdo imaginável, iletrável
Perpetrado ao mais distantes ares

Discrepância suave e singela
É o sem-cor mais colorido de todos
Só pra aparecer a cor da amarela
Luz do Sol inebriante e calórico

Se esse fosse um vento que só se respira
Essa frase não seria longa nem curta
Seria só frase, como é a vida: uma frase.

Há um longo ponto reticente nessa ventania
Não é o bastante pra falar por um dia
O que quer dizer esta poesia
Que se amiúda a passos lentos
Despercebida e sem rima forte
Como aquele vento do norte de ontem
Pequena força aparente num único vento
Ahh, se soubessem que o vento faz mais que soprar
A frase acabaria neste instante por não mais "ventar"...

Rodrigo Barbosa Silva

sábado, 9 de outubro de 2010

Programando o silêncio

O que se pode quebrar com uma simples palavra?
Não há resposta que possa ser dita ou pensada
Só o silêncio diz e o seu dito é misterioso e selado
Que aluno gostaria de escrever suas linhas assadas?

Isso mesmo! Churrasquinho de letras e linhas...
Festas, músicas, gritos, bebedeiras poemáticas...
Embriagues abismática, gente doida endoidecendo
Risos, choros, ranger de dentes, frio, calor e rimas

Ante a tudo isso o escultor desenha seus códigos
Musas eternas e caladas são descobertas sensuais
Enquanto muitos querem dizer seus cantos pródigos
Há outros escondidos em suas palavras torpes

"Sem" dizer nada ele [o silêncio] grita surdo:
"Nada! Nada! Nada! Nada! Nada! Nada! Nada!"
Como? Pode ser tão abusado e perturbador?
O escultor quer falar, mas sem culpa não diz:
Nada! Nada! Nada! Nada! Nada! Nada! Nada!

Neste âmago do desespero desperta o poeta
Poente súbito de ideias nascentes e veladas
Ao mais fundo abismo revelador do absurdo
Num sem fim fantasma felino, fugaz e funesto.
E mesmo assim emergir na vitalícia construção
Que esculpe o sem sentido mais sentido do mundo

Só por sentir em exagero
Só por falar com teimosia
Só por calar o desespero
Só por viver apesar de tudo
Só por ser parte da poesia.

Rodrigo Barbosa Silva