sábado, 27 de novembro de 2010

Abrupto silêncio

E de repente repetiu-se a sina do silente

Calado ao som do caldo de galinha...

Borbulhante esperança faminta da gente

Que quer mais que mera boquinha


Vazio, vazio, vazio desesperador

E a guerra continua, e o poder, onde?

Relativo é tal sinal perante a dor

De quem perde seu porto seguro ou sua ponte


Em meio a tantos gritos surge o alívio

O mais falso de todos, assaz restante

Sobrador que assopra o vento imaginário

Que sobrou ontem quando tinha Sol


O medo afirma nossa nova paranóia

A mais real de todas, mais presente

Que o próprio presente não dado

Aos sedentos por fome satisfeita


À mesa estão os maratonistas corredores

Da diária luta por sobrevivência neste “nada

Tem sentido” o calor mais coadjuvante

Deste frio que impera nos maiores corações?


Matem, matem, matem aquilo que não existe

Para ver se o que se insiste se consiga sem saber

Mesmo que a concessão seja mais que mentir

Mesmo que a vida nos ensine a sorrir sem sonhar


Além disso a coitada criança cresce sem saber

Que cresce sem saber na sabedoria popular

Mais impopular que tudo que se possa imaginar


Mal sabe tal infante que o tempo ainda nem chegou

E o mais abrupto silêncio hoje grita em cada esquina

Sabe nem do passo mal andado que a luz não ilumina

Nem da fronte guerrilheira que agoniza por um quê

Sem um quê nem por quê num objetivo sem palavras...


Quem sabe a respiração possa ser o alento do jogado

Pelos cantos mais cansados das vielas desnortistas

Quem sabe a linguagem invisível possa ser a fuga

Daquele que não foge por não ter onde fugir

Que a vida nos conte um dia como se faz para falar.


Rodrigo Barbosa Silva

2 comentários:

  1. Lembrei-me, imediatamente, da "guerra" no Rio.
    Belo poema, triste lembrança.

    Um abraço,
    Michele

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  2. Olha...lembrei-me de te ler aqui....já q não ha outro lugar...rsrsrs

    Abraços e FELIZ ANO NOVO!
    chuakss

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