quinta-feira, 24 de março de 2011

Outros poetas

Porque não uma sempre-viva?

Muitos tentam ser belos como as Rosas,
ou então venerados como as Orquídeas.

Tentam ser raros como as Flores dos Cactos,
ou como as Cerejeiras, que só desabrocham uma vez por ano.

Tentam ser notadas, ou até mesmo aparecer, como Girassóis,
que necessitam estar sempre virados para a Luz (refletores), o Sol.

Tentam transparecer leves como um Dente-de-Leão.
ou cheirosas como uma flor de Erva-Doce.

Ou quem sabe, simples, mas sempre lembrada, como as Margaridas.

Mas na verdade o que todos querem, é ser como as Sempre-Vivas,
porque mesmo, aparentemente, frágil,
pequena e quase que insignificante,
elas fazem jus ao nome e nunca morre, nem mesmo murcham
São eternas, tanto na vida quanto na mente.

by Anny Mayara

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Verborragia para quem gosta de lobos

Um morro uiva com seus ventos
O lobo venta com seu canto
À caça de uma ovelha perdida
Ou de uma velha pedida: comida

Qualquer coisa serve, está difícil comer
Simplesmente a caça corre,
ou pára, inútil, no espaço vazio
da mesma história contada todo dia

O tempo passa como o vento, misterioso,
Não sabemos de onde vem, nem o posterior
Pois o calor anuncia só a chuva, nada mais

O mafioso conta vantagem de sua riquesa
Mas esquece que o pastor espreita
E que é ovelha diante das interpélies.

Rodrigo Barbosa Silva

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Estou

Buscando alguma existência
Longe de sua verdadeira,
E factível inefavelmente, presença

Lá estava alguém que tentou falar
Não sabendo calar nem dizer
Apenas tentando viver seu silêncio

Talvez a ouvir um jazz que não vejo
Por ser lógico que se ouve algo tão invisível
Aí estava a certeza do que se buscava

Em algo que simplesmente escuta
E não se vê, por mais que queiramos
Assim, ainda na errância, caminhando estou

Rodrigo Barbosa Silva

Comendador Soares

O lugar de onde sou não é mítico...
É... em algum lugar da Baixada
Num Fluminense não futebolístico
Lá onde o Japeri faz sua parada

Aquele trem - ou lata de sardinhas? -
Tem muitas histórias e pátrias gentis
Em meio a tanto aperto literal fora da linha
Da imaginação do real elenco que ninguém diz

Ninguém diz quem é... São meros passantes?
Mas o que importa é que sou de Comendador
Ou não? Pois quem sabe o que é tal lugar?

É mais fácil lembrar que chegamos lá de trem
O nosso querido latão, geladinho, coreano,
Forno, navio proletário; não importa, gosto de lá.

Rodrigo Barbosa Silva

Teclado

Escrevendo, mais ainda me deparo
Sem acentuar nem til nem agudo
Sem mesmo negar, ou mesmo cedilhar
Com acentos podados ao talo pelos dentes ansiosos
Coitados dos dedos acentuados, coitados...

Acentos mastigados, dilacerados
Na poesia fugidia sem escapar da forma
Nem vista nem delineada por qualquer
Aquarelista escritor das cores sem som
Assim seguimos a vida... assim...

O que pode haver de errado no dito?
Nem quero mais interrogar o nada
Ignorarei o pontuar textual excessivamente

Quem sabe assim termine o laborioso dizer
O abstrato desmundo das palavras...

Inventemos agora um silenciador para o silencio.

Rodrigo Barbosa Silva